A Medicina chinesa é uma terapia natural e holística que procura ver o paciente como um todo, de forma a perceber qual o desequilíbrio energético que desencadeia a sua patologia, e qual a melhor forma de tratar esse desequilíbrio. O paciente é visto como um ser único e o plano de tratamento é individualizado de forma a corresponder à necessidade de cada paciente. Engloba várias ferramentas de tratamento, tais como: Acupunctura, Acupunctura Laser, Eletropunctura, Tui-Na, Fitoterapia, Ventosaterapia, Moxabustão, Diatética Chinesa, entre outras. Embora seja muito procurada como complemento à medicina convencional, deve ser contemplada como um tratamento complementar pois é também uma medicina preventiva.
Esta terapia tem efeitos comprovados a nível do sistema ginecológico e obstetrícia, como por exemplo na Síndrome pré-menstrual, TPM, Menstruação irregular, Endometriose, Ovários poliquísticos, Adenomiose, Menopausa, Complicações na gravidez, Aborto espontâneo, Distúrbios Hormonais, Infeções urinárias, entre outros.
Para a Medicina Chinesa a infertilidade é a incapacidade de a mulher conceber após 2 anos de tentativas, tendo uma vida sexual normal e com boa função reprodutiva do marido.
Na consulta de fertilidade há uma abordagem preferencialmente ao casal, pois o desequilíbrio energético pode ser de um dos elementos do casal ou de ambos. E onde são analisados os exames e análises clínicas do casal.
Na minha prática clínica tenho vindo a observar que cada vez mais há casos em que este desequilíbrio está em ambos os elementos do casal. O que pode causar esta dificuldade em conceber aos olhos da Medicina Chinesa? Muitas vezes apesar dos exames médicos e das análises de sangue não apontarem nenhuma causa aparente para esta dificuldade em conceber, há vários fatores que podem estar a prejudicar o casal, tais como: uma má qualidade da higiene do sono, uma alimentação deficiente em nutrientes bons para o organismo, elevado stress laboral ou familiar, sobrepeso, alterações no ciclo menstrual, quantidade de poluentes presentes na rotina do casal, um desequilíbrio entre horas laborais e horas de descaço, uso excessivo de medicamentos, tabagismo, entre outras. Neste tipo de casos, muitas vezes basta fazer algumas alterações na rotina do casal e equilibrar os fatores anteriores para que o casal consiga finalmente conceber.
Também chegam à consulta casais em que já há alterações a nível das análises de sangue (como por exemplo: AMH, progesterona, ácido fólico, ferritina, TSH, T3, T4), alterações a nível do espermograma (como mobilidade insuficiente dos espermatozoides ou má formação dos mesmos) ou mesmo com patologias ginecológicas como endometriose, síndrome dos ovários poliquístico, trompas obstruídas, miomas, adenomiose, entre outras. Nestes casos a Medicina Chinesa também tem uma boa resposta de tratamento.
Esta medicina natura é uma forte aliada nos tratamentos de procriação medicamente assistida, bem como de uma gestação saudável. Pois melhora a qualidade dos gametas masculinos e femininos, aumenta a vascularização do útero e a sua recetividade. No caso da mulher equilibra e estimula a hipófise na segregação de FSH e LH e estimula a progesterona e o estradiol.
Já depois da conceção, a Medicina Chinesa continua a ser uma forte aliada na prevenção do aborto espontâneo, a atenuar todos os sintomas implícitos a uma gestação (como por exemplo náuseas, vómitos, dor lombar, ciatalgia, cansaço, refluxo, entre outros), a promover a posição cefálica do feto a partir das 37 semanas; a partir das 38/39 semanas ajuda a promover as contrações e facilita e estimula o trabalho de parto.
No pós-parto, o contributo da Medicina Chinesa pode ser ao nível da baixa produção de leite, da mastite aguda, candidíase mamária, das dores articulares, da obstipação, da depressão pós-parto e para o reequilíbrio do organismo é uma ferramenta chave. Já no recém-nascido atua a nível das cólicas, melhora o sistema imunitário, melhora a qualidade do sono, na eliminação de expetoração, por exemplo.
Quando o casal deve procurar este acompanhamento? O ideal é no mínimo três meses antes de iniciar a pré-concepção ativa, para que se possa equilibrar a componente hormonal, harmonizar organismo e mente para esta nova etapa da vida do casal e para poder potenciar da melhor forma os resultados. Mas claro que depende também do caso clínico, pois se for um casal já com infertilidade diagnosticada poderá ser necessário mais tempo de tratamento. Em consultório surgem casais em todas as fazes, seja em pré-concepção, seja em procriação medicamente assistida, durante a gestação ou pós-parto. Pois o protocolo é sempre adaptado a cada caso clínico e a casa paciente.